terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Solitária mente

Solitariamente
discretamente...
minha mente
mente!

Rapidamente,
sem que eu perceba
minha mente
mente...

Facilmente
meus olhos vêem
o que não há pra ver
minha mente...
mente.




Mayara Bezerra

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Todos somos Leonardo

Não nos calarão



Leonardo Miranda é natalense e tem apenas 23 anos, mas uma anônima, intensa e apartidária militância política. Foi um dos militantes que ocupou a Câmara Municipal do Natal por 11 dias, entre 7 e 16 de junho de 2011, tendo resultado na instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Contatos (CEI dos Contratos). Durante esse período, Leonardo integrou a Comissão de Ciranda, responsável por cuidar das crianças e adolescentes, filhos das famílias pertencentes ao MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e MST (Movimento dos Sem Terra), que também se uniram ao acampamento.

Enquanto atuava na Ocupação da CMN, Leonardo dividia seu tempo entre a luta da manifestação - que cobrava dos vereadores seu devido trabalho de investigar as muitas irregularidades cometidas na atual gestão municipal, chefiada pela prefeita Micarla de Sousa (PV) - e seu trabalho de conclusão do curso de Pedagogia (UFRN) sobre o Portal do Professor - site do Ministério da Educação que tem o objetivo de auxiliar os professores de todo o país no sacerdócio da educação.

Finalizada a ocupação da casa legislativa da capital, Leonardo Miranda mudou seu endereço para o acampamento que foi montado em frente à sede da Governadoria do Rio Grande do Norte, no Centro Administrativo, que ficou conhecido como #LevantedoElefante, protesto contra o contingenciamento de verbas para a Educação, aplicado pela governadora do Estado, Rosalba Ciarlini (DEM), por sete dias.

Este protesto, também articulado pelas redes e mídias sociais, se deu em consequência do deslocamento dos estudantes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) que ocuparam, simultaneamente ao #ForaMicarla, o Diretório Regional de Educação de Mossoró. Esse movimento ganhou o nome de COMEM, e durou vinte e cinco dias.

Durante os meses seguintes, Leonardo persistiu e tentou acompanhar in loco os trabalhos da CEI dos Contratos, que foi instaurada por força da Ocupação da Câmara, em junho. Entretanto, em muitas ocasiões, os vereadores ordenavam que as portas da Casa fossem fechadas durante as sessões da Comissão Especial de Inquérito.

Em um dos raros dias em que conseguiram adentrar à Casa do Povo, os manifestantes - portando faixas e cartazes - gritaram pelo impeachment da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), assim como protestaram contra a lentidão da Justiça em julgar a Operação Impacto, processo criminal que tem como réus vários vereadores da Câmara Municipal do Natal.

Eles receberam propina de grandes construtoras para derrubar vetos do ex-prefeito da cidade sobre o Plano Diretor. Essas empresas desejavam construir imensos edifícios em áreas não adensáveis – muitas delas demarcadas como áreas de proteção ambiental.

Ao chegar em casa, Leonardo postou mensagens em seu perfil no Twitter, em tom de desabafo, dirigidas ao vereador Júlio Protásio (PSB), relator da CEI dos Contratos da Prefeitura de Natal e um dos principais réus da Operação Impacto, cuja a cassação foi pedida pelo Ministério Público. Ele disse pela rede de microblogs que o vereador seria um "verme" e um "canalha".

No momento, Leonardo está impossibilitado de andar e sequer sair da cama, pois passou recentemente, em 29 de novembro, por uma cirurgia delicada para reparar os ligamentos do joelho esquerdo, contusão comum no futebol, uma de suas paixões. Desempregado, Leonardo conseguiu concluir seu curso superior de Pedagogia, mesmo após um ano de intensa dedicação à sua militância social. Torcedor do Corinthians, ele tem como ídolos o educador Paulo Freire e Dr. Sócrates, cujos pensamentos auxiliam em seu processo de formação e evolução pessoal.

Em razão de suas declarações no Twitter, Leonardo está sendo processado por danos morais pelo vereador Júlio Protásio, que cobra uma indenização no valor de R$ 21 mil (Vinte e um mil Reais). O pedagogo diz que não se sente intimidado, tampouco demonstra medo. E afirma que o parlamentar sempre procurou intimidar manifestantes e impedir que eles tenham voz.

A notícia do processo já corre aos quatro cantos e, na internet, o assunto tem sido destaque nas redes sociais e não chega a dividir opiniões. Em sua maioria, os comentários se mostram indignados com a atitude do vereador de destinar tempo ao que ele chamou de “agressões pessoais pelo Twitter”.

Militantes, inclusive, lançaram as campanhas #TodosSomosLeonardo e #MeProcessaJúlioProtásio, no Twitter, em apoio ao militante e à liberdade de expressão, assim como para arrecadar o valor da indenização em moedas. O parlamentar ainda ganhou um perfil no microblog em sua homenagem, batizado de @JúlioImpacto.

Se você também se indigna com a atitude do vereador, twitte, blogue e link este assunto. Afinal, a democracia não pode ser uma ilusão